Inserções em Circuitos Ideológicos
A apresentação do conteúdo do nosso curso realizada ontem me deixou bastante intrigada.
Confesso que não é um assunto que eu tenha familiaridade, mas percebi sua relevância e estou bastante interessada nas aulas que virão.
E no momento, ainda com mais perguntas, que respostas. Muito mais perguntas.
O motivo desse post é apenas levantar uma hipótese que me ocorreu durante a aula de ontem:
- O trabalho do artista plástico Cildo Meireles poderia, de alguma maneira, ilustrar algumas das questões levantadas em aula?
Refiro-me à obra Inserções Em Circuitos Ideológicos. Neste trabalho, concebido na década de 70 em plena ditadura, o artista realizava interferências em dois objetos do consumo de massa: as garrafas de coca-cola e as cédulas de cruzeiros e dólares, imprimindo frases de caráter político como "Quem matou Herzog?" ou "Yankees go home!". Cildo retirava as notas e garrafas de circulação, interferia sobre eles e os devolvia ao mercado. A mania pegou e as pessoas comuns começaram a criar suas próprias frases. O trabalho então só existia a partir do momento que os outros o praticavam, nos levando à questão do anonimato e da ausência de propriedade. A obra era o próprio processo de circulação, o veículo da informação, e além de uma manifestação política-social, uma oposição da arte à indústria.
Estaria este trabalho de Cildo Meireles tornando visível o invisível? Ou então, a la Duchamp, ironizando a citada complexidade econômica na arte?
Ou eu estou viajando completamente e essa relação não faz o menor sentido???
Como disse, mais perguntas que respostas...